Ás vezes eu assisto/leio o jornal. Apesar de já saber com que tipo de coisa vou me deparar. Acho que é para acabar um pouco com essa sensação de desligada do mundo que me persegue. Ou na verdade ainda tenho esperança de estar errada acerca do mundo. Quem sabe de repente estou lá abrindo o jornal e pá, dê de cara com um bando de boas notícias, nunca se sabe...
Ontem a noite, dando uma conferida nos inúmeros quatro canais daqui de casa, dos quais dois dão interferência, vi uma matéria sobre a epidemia de cólera no Haiti. 284 mortos. Muitos jovens. Sei lá, sempre que vejo esse tipo de notícia me divido. Uma parte de mim, - a mais racional - pensa coisas do tipo, "ah, achei que não se morresse mais disso no mundo!" (é absurdo afinal), a outra parte reflete coisas sobre como acho um tremendo desperdício se morrer jovem e como nossa vida às vezes é frágil e efémera.
Aliás, boa parte do meu tempo eu passo pensando em existência, ninguém se importa, a violência do mundo, ser ou não ser. Sempre tive meus momentos Hamlet. Menos dramáticos e sem caveira na mão, mas posso dizer que desde os períodos mais mesolíticos da minha vida estão presentes. E pode até parecer insubstancial, mas não é. Marvin não gosta. Acha coisa de velho passar mais tempo pensando que fazendo outra coisa. Mas ele sempre está ao meu lado. Estava lá esse final de semana quando, embaixo da árvore escangalhada da calçada da vizinha, pensava na morte do tio Peu e em suas vidas. Marv vive dizendo que temos duas, a que se tem e a que se deseja. Acho que o tio Peu conseguiu a plenitude de ser os dois. E apesar de não acreditar muito na sorte acho que se ela existir, deve ser isso. Coisa mais complicada esse negócio de ser ou não ser. Né?
13 comentários:
É sim querida. Meus Pêsames pelo tio Peu e um abraço nessa alma nobre.
Como já dizia renato russo, "é tão estranho, os bons morrem jovens."
- seu texto me fez lembrar disso;
- o noticiário me deixa super pra baixo;
- fica bem, meu bem. :)
Poxa, isso remeteu a tristeza agr. Mas eu concordo ctg, vai que um dia desses a gente tá lá lendo o jornal e pá. Nunca se sabe mesmo. Vc tá certa em pensar assim, embora tudo aponte para o inverso.
Bj flor
ps: também gosto dessa música de teatro mágico que tá nos marcadores.
A vida é dura. Vamos sempre querer algo mais. algo que não temos. Mas afinal o que nos motivaria a viver se não tentar alcançar as coisas inalcançáveis? Não é a paz mundial o maior sonho da humanidade? Ou pelo menos hipocritamente falando...
sei lá... Sempre tive muito desses momentos Hamlet, atualmente eles tem me consumido demais. Fazer oque?! Já nasci com espírito de velho mesmo....
Abração ;)
Eu costumo ler a página de notícias do Google, passando pelas manchetes. Morte, acidentes, guerras, fome... às vezes, muito às vezes, entro numa ou noutra notícia que não seja tão triste. Acho que cada um tem sua verdade e fazemos melhor em não nos afundar naquilo que difere dela. Não há porque nos esforçarmos em sentir medo, buscando essas coisas.
Por isso, ler mesmo, só as notícias relacionadas a ciência e tecnologia. Essas costumam ser boas. E evito aquelas que insistem em falar de internetes 2.0 e orkutes da vida. Isso é uma ótima maneira de não ser e deixar a essência passar batido.
Comentário já ficou grande, vou nessa. Bom ver que, mudado o blog, não mudou a pessoa. ;)
Mas complicado do que ser ou não ser, é tentar pensando sobre isso.
...Eis a questão!
Olá moça!
Fui lhe procurar no outro blog e descobri que agora está por aqui...
Bacana.
Estava com saudades de sua reflexões...
É isso.
Abraço!
Tento simplificar a vida, acho que esse é o caminho pra viver melhor.
Texto denso esse seu.
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
-
Na falta da caveira na mão, vc pode usar ossos de frango, depois do almoço ou do jantar... kkkkkkkkkk
Eu também me surpreendi com a notícia no Haiti. E fiquei pra baixo. :(
"Quem sabe de repente estou lá abrindo o jornal e pá, dê de cara com um bando de boas notícias, nunca se sabe..."
Eu também nunca perco essa esperança.
Saudade de vc, florzinha!
Beijão bem grandão e linda semana pra vc!
Por que perdemos o nosso tempo em questões dialéticas? Ser ou não ser? Fazer ou não fazer?...a vida é feita de escolhas, fato. Mas o que não concordo é que as opções sejam somente duas. O mundo é cheio de possibilidades, e a forma como você vai lidar com elas é que define suas escolhas, que podem ser muitas no decorrer da vida.
Discordo do Marvin. Acho que temos mais de duas vidas. AS que temos, aS que desejamos e aS que podemos ter...viu? Já diziam os clichês "a vida é um palco e nós somos os atores"...podemos ter várias vidas!!!
Josy,
Estou organizando um amigo secreto de livros no Universo Literário.
Vamos participar?
Vai ser legal!
Corre lá!
http://universoliterario1.blogspot.com/
Postar um comentário